A etapa estava já a terminar sem que tivesse ocorrido
episódio digno de instantâneo. Até que se chegou a Pedronelo, já com Amarante à
vista. Numa curva, surge, imponente e vistosa, uma vivenda bem traçada
arquitectonicamente. Vários pormenores chamaram a atenção dos peregrinos. O
primeiro, logo notado por apreciador convicto, era o telheiro que abrigava a
barbacoa, em telha de meia cava, armação em madeira tratada, forno, churrasco e bancadas em materiais de primeira; depois,
as persianas, todas em dourado brilhante conferiam-lhe um aspecto, digamos, nobre;
terceiro, o largo varandim que a circundava, assim à moda da mansão brasileira;
por último, à volta da mansão, numa área de uma centena de metros quadrados, em
plano inclinado, em vez de relva, pedras roliças e seixos.
Espalhadas pelo
peculiar quintal, erguiam-se várias estátuas, completamente pintadas de branco, algumas delas a jorrar água em prateados pequenos repuxos.
Seguindo o nosso instinto, tratámos de meter conversa com o proprietário que nos avaliava
desde o varandim e, apontando uma figura masculina trajada à moda do Renascimento
- gola rendilhada à volta do pescoço, jaqueta sem mangas, calças (agora parece que lhe chamam leggins) muito justas com ostentação despurada do contorno
dos genitais, sapatos largos encimados por grandes fivelas:
- Santas tardes, então quem é que está ali naquela estátua?
- É o D. Afonso Henriques – informou solícito.
Armados em sabichões, ensaiámos a correcção:
- Não pode. A vestimenta não é bem a da época do nosso Fundador.
O pedronalense senhor nem vacilou:
O pedronalense senhor nem vacilou:
- Ai isso é que é! Atão eu não sei? Olhe que eu tenho a 4ª
classe antiga, meu amigo, e conheço bem os nossos reis.
Metemos o rabinho entre as pernas e prosseguimos rua abaixo a ver do S. Gonçalo.
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