1ª ETAPA: A
CORUÑA – BRUMA
09/06/2016
Distância:
35,2 km
Tempo
total: 10 horas
Tempo
em movimento: 8 horas
Tempo
parado: 2 horas
Velocidade
média: 4,3 km/h
Altitude
mínima: 1 metro
Caminhantes: Anselmo Cunha, Conceição Branco, Elsa Branco, Fernando Micaelo, Jaime Matos, Joaquim Branco, Paula Marques, Raul Maia e Teresa Martins.
Para chegar
a A Coruña, a partir de Castelo Branco é preciso sair cedo, quase 2 dias. O chefe da estação apitou para autorizar a partida do
comboio das 15:20, às 15:20, rumo ao Entroncamento, onde subimos para o que nos levou até
Porto Campanhã; daqui foi um saltinho até São Bento, o mesmo saltinho novamente
para Campanhã, depois outro para Vigo, finalmente outro que nos conduziu à
antiga capital da Galiza. No meio, dormida no Porto, Rua das Flores, com
direito a sangria em esplanada de Mafamude que é como quem diz, ali na ribeira,
à beirinha do Douro.
A Coruña é
uma cidade média à escala ibérica, albergando cerca de 250 mil almas, com muito
para ver. Seleccionámos a torre de Hércules ou torre de Bréogan, por ser o
monumento mais antigo e mais emblemático. Parece que é o farol em funcionamento
mais antigo do mundo. Instalação em plena zona histórica, de ruas estreitas, no
Hostal Hotil, preços e condições aceitáveis.
O dia
ofereceu-se-nos fresco às 06:15, nublado mas sem precipitação. Bem dispostos, alegres
e contentes, atacámos a 1ª etapa desta variante do Camiño Inglés determinados a
enfrentar os mais de 36 quilómetros que nos conduziu a Bruma. Nos primeiros 5
rolámos pelo perímetro urbano de A Coruña, junto a um braço da ria, passagem ao
largo do aeroporto até nos embrenharmos finalmente no típico caminho em espaço
predominantemente rural. Todos os cronómetros já registavam mais de 3 horas de
esforço sem pequeno almoço, por falta de tascas, quando a salvação surgiu
miraculosamente numa carrinha de venda ambulante de pão, conduzida pela mui
simpática Sandra, mesmo pertinho de um fontanário que debitava um caldeiro de
lata dos grandes a cada 30 segundos. Desnocou-se o pão quentinho, entremeou-se
com chouriço e queijo, e eis que o ânimo ressuscitou, a pontos de inspirar o
nosso Jaime que, cumprindo uma tradição muito sua, presenteou a sua amada Paula
com umas rosas surripiadas a um quintal galego.
Foi preciso
galgar mais um bom par de quilómetros até Sergude onde finalmente foi possível
tomar um cafezinho no Adolfo. A dona apressou-se a informar-nos que existe um
albergue público em Sergude, novinho, com excelentes condições, pouco utilizado.
Seria uma boa opção se não tivéssemos planeado pernoitar em Bruma e plano é
plano, talvez para a próxima. Fomos prometendo que divulgaríamos a novidade e
aí está ela: para quem pretender fazer o Camiño Inglés a partir de A Coruña tem
um albergue da rede pública à vossa espera em Sergude. O que ganham com isso?
Localiza-se mais ou menos ao vigésimo quinto quilómetro, antes da terrível
tirada de cerca de 5 quilómetros pronunciadamente inclinados que se seguem,
logo a seguir ao Café Central em Desabanda a que os galegos chamam A
Costaneira. Se não fossem os chupitos de hierbas que aí degustámos, ficaria
complicado chegar à antena que plantaram quase no topo.
A reposição
de líquidos é possível em As Travessas, a um saltinho do albergue de Bruma,
onde manda o jovial e despachado D. Benino. Chegámos em boa hora: a lotação é
pequena e 10 minutos depois já estava a chegar um grupo de pesados alemães, e
depois outro, provenientes de Ferrol que já não tiveram lugar. Felizmente para
eles, D. Benino está preparado para os reencaminhar para os albergues privados
de Meson do Vento. Ali, a 50 metros do albergue, restaurante e esplanada
satisfatórios.
Curiosidades
recolhidas junto de D. Benino:
- em 2015,
pernoitaram no albergue de Bruma mais de 4000 peregrinos;
- a maioria
são espanhóis, seguidos de italianos, portugueses e alemães em número
aproximadamente igual;
- há mais
irlandeses a fazer o Camiño Inglés do que súbditos de Isabel II, que são mesmo
raros;
- peregrinos
de outras nacionalidades são residuais;
- na
história do albergue foi registado um peregrino, único, da Namíbia;
- não há
muitos peregrinos a fazerem o Camiño Inglés a partir de A Coruña; a esmagadora
maioria parte de Ferrol, seguramente porque é esse que dá direito à
“compostela”;
- neste dia,
teremos sido os únicos que saíram de A Coruña.
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