Sob as batutas concertadas dos nossos ilustres Xaime e Xoaquim concretizou-se mais uma incursão em terras galegas, desta vez, em espírito eminentemente turigrino, para aproveitar o feriado que oficialmente comemora a implantação da República em 1910, mas que os defensores da causa monárquica gostam de celebrar como o da nascimento de Portugal por ser também o aniversário da assinatura do Tratado de Zamora em 1143. Ao todo, 26 peregrinos, perdão, turigrinos. As 19 damas esmagavam os 7 vale(n)tes.
Partida em autocarro alugado (é um descanso), ainda escuro, por volta das 5 da
madrugada às endireituras de Pontevedra com ideia de agarrar lugar no albergue
público. Como habitualmente, para o almoço foi dada orientação para se
respeitar o princípio de “leva o teu e come de todos”, mas, sem surpresa, a
comprida mesa do albergue foi pequena para a quantidade e variedade de iguarias que apareceram. A farturinha deu para expandir aquele princípio para o jantar e para o
desayuno do dia seguinte.
A noite foi árdua para alguns – obviamente esquisitos e
betinhos -, que não se dão bem a dormir no mesmo “quarto” com mais 50 almas.
Não lhes terá feito mal a experiência de terem passado a noite a apreciarem a
sinfonia de tosses finas a cavernosas, de roncos “aviolinados” a “trombónicos”,
e mesmo, consta, de flatulências libertadas em brisa suave e em trovão.
Nada que tivesse diminuído o elevado moral para atacar o
modesto objectivo de caminhar entre Padrón e Compostela, derradeiro troço do
Caminho Português. Em Esclavitud, improvisou-se uma cerimónia ritualística que
se usa em Fisterra: a de queimar algo, valendo na mesma o significado simbólico
de apagar um estado passado para recomeçar um novo.
Mesmo no final desta cerimónia começou a ocorrer algo de que
estes albicatrenses já sentiam saudades: chuva. Nas duas horas seguintes, a água
desabou dos céus, por vezes copiosamente, até quase à chegada a Milladoiro,
ainda a tempo de tudo secar até à Praza do Obradoiro, que nos recebeu
preenchida de gente, mas com um sol radioso.
Pernoita no já conhecido hostel “The last stamp”, ali a 385
passos do Obradoiro, quase a dar para a Praza Cervantes. À noite, depois dos
caldos galegos, pinchos de pulpo, rachos, pimientos padrón, tortillas,
etc. ainda houve tempo e ânimo para uma modesta contribuição para a movida
compostelana com uma queimada “tradicional” com conxuro rezado em colectivo e
alta voz, e com um pézinho de dança que animou especialmente quando o disc jokey conseguiu substituir a
matraca electrónica espanhola pelos melódicos Toy (toda a noite) e Emanuel (e
nós pimba). Aonde nós chegámos! Os compostelanos no estaminé parece que acharam
piada ver 20 tugas a bailar com vontade.
No terceiro dia, domingo, a manhã incluiu missa na catedral
com direito a botafumeiro e menção
especial da nossa presença, pelo ordenante, aos miles de fiéis que enchiam as 4 naves da majestosa catedral de
Santiago. As duas torres e fachada para o Obradoiro já se apresentam lavados,
mas o pórtico da Glória ainda se mantém encerrado (tudo deve estar a ser programado
para o Jacobeo de 2021).
Desenho: JM Boieiro
Desenho: JM Boieiro
Desenho: JM Boieiro
Desenho: Paula Marques
Desenho: Paula Marques
Desenho: Paula Marques
Para
memória futura, caminhantes: Anselmo Cunha, Claudia Vaz, Daniel
Almeida, Elsa Rodrigues, Fátima Lucas, Fátima Rebelo, Fernanda Francisco,
Fernando Castela, Gena Cabaço, Guida Lucas, Helena Lopes, Isabel Antunes, Jaime
Matos, Joaquim Branco, José Manuel Boieiro, Lénia Nunes, Luis Ribeiro, Madalena
Cunha, Magda Marrucho, Manuela Gomes, Maria José Rafael, Paula Marques, Paula
Silva, Rosa Santos, São Pires, Úna O’Keefe.
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