sexta-feira, 3 de julho de 2015

Diário de Caminhada - Caminhos do fim da terra - Etapa II

CAMINHOS DO FIM DA TERRA

Caminhantes:
Anselmo, Benvinda Monteiro, Conceição Pires, Elsa Maia, Fernando Micaelo, Jaime Matos, João Valente, Joaquim Branco, José Manuel Machado, Paula Marques, Raul Maia.


ETAPA II: Negreira – Olveiroa
08/06/2015



A segunda etapa foi cumprida em dia exageradamente quente para o padrão galego, com a temperatura máxima a ultrapassar os 30º. Entretanto, chegavam notícias de trovoada e chuva na nossa terra. 

Logo à saída de Negreira acoplou-se a nós o galego de Léon mas residente em Santiago, Valério Areas, um tagarela, viciado em caminhadas e em tirar selfies com toda a gente. Fez-nos boa companhia enquanto pôde e quis.

A paisagem típica deste canto do noroeste da Galiza é composta por colinas relativamente suaves, contrastantes com os picos pronunciados que se encontram no interior, povoamento disperso, baixo índice de urbanização e de industrialização, bosques de carvalhos robles, castanheiros e o inevitável invasor eucalipto, que bordejam extensas clareiras nas quais predomina a cultura do milho.
















Não se vislumbram poços, não se detectam sistemas de rega, seguramente porque o clima húmido atlântico dominante oferece a esta região precipitação regular e em valores elevados. As vinhas são escassas, na classe das hortícolas só se viam couves, cebolas e feijão, provavelmente porque as restantes são plantadas mais tarde. O que abunda é mesmo a cultura do milho, a maior parte dele recém semeado, acompanhada de outros cereais forrageiros, base da alimentação do principal recurso da região: vacas de leite, muitas vacas. Abundam igualmente grandes reservatórios de silagem em forma de tubos, herdeiros funcionais dos velhos espigueiros, a maior parte construídos em pedra e que em castelhano se diz horréo e em galego cabazo.


Aos olhos agrada a paisagem, sobretudo a miríade de tons de verde dos campos cultivados e da floresta, os ouvidos deleitam-se com as sonatas chilreantes dos passarinhos, o nariz, esse é sacrificado com um constante e incómodo odor a atirar para ácido a bosta de vaca.






Olveiroa, nota-se, já se estruturou para acolher peregrinos: vários albergues, restaurante e esplanada ampla e agradável. Tão agradável como o caldo galego que nos disponibilizou para a janta. A esplanada encheu-se de gente em confraternização, empenhada em entender e fazer-se entender na lingua mais a jeito. O inglês, essa lingua cada vez mais universal impunha-se, mas também se ouvia português, galego, castelhano e francês. Nota mais saliente para o reencontro com 2 belgas bebedores de cerveja que nos garantem que visitaram um pequena aldeia medieval, sem castelo, perto de Lisboa chamada qualquer coisa parecida com ibreianova. Ainda hoje, continuamos a desconhecer a sua localização e nome. Será a Avalon lusitana?

Albergue e restaurante Horreo, aceitáveis.






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