segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ao que vamos



O nosso propósito último é viajar. Caminhando.
Este suporte servirá para relatar essas viagens. Com palavras, com fotografias e, novidade distintiva, com esboços (sketches, para quem não está à vontade no português).
Viajar e relato de viagens leva a literatura de viagens. Existiram várias personagens que ficaram para a história como grande relatores de grandes viagens. O primeiro que me vem à memória foi o veneziano Marco Polo, que teve a inovadora ideia (algures no sec.xiii) de ir registando as suas impressões da viagem que fez com o pai e tio ao longo da rota da seda e, com isso, deixar-nos informações preciosas sobre a vida na Àsia medieval; (nota: nunca li, directamente, mas acredito nos estudiosos que garantem que o relato é extraordinário).
Outra referência na literatura viagem é o nosso Fernão Mendes Pinto, porque teve a sorte de ter sido feito prisioneiro e vendido a um grego que o passou a um judeu (com lucro, supõe-se), que teve de o libertar (sem lucro) para os amigos lusitanos que o resgataram em Ormuz, nos anos jovens de 1500, gastando os 21 anos seguintes a deambular pelas costas da Birmânia, Tailândia, China, Japão, resumindo depois essa fantástica aventura num relato com o apropriado nome de “Peregrinação”. (Nota: li, e gostei, apesar de, à semelhança de muitos outros e muito mais entendidos do que eu, também ter ficado com a sensação de que o amigo Fernão, nalgumas passagens, regar um bocadinho)
Todavia, o maior dos maiores no que a relatos de viagens diz respeito é, inquestionavelmente, o Luís. Vaz. De Camões. Ninguém no mundo inteiro, até agora, conseguiu relatar uma viagem como ele o fez. (Nota: não era preciso ostentá-lo mas, claro que li, não fomos todos obrigados a isso?)
Se calhar por influência desses grandes pioneiros, o padrão tradicional da maior parte da literatura de viagens contém sempre a combinação de alguns requisitos que agradam à maioria dos leitores: o destino, ou destinos, são exóticos, situam-se longe, e de difícil acesso. O padrão tem vindo a mudar, é certo: o mercado do turismo impinge qualquer destino desde que possamos pagar.
E continua a mudar também com o nosso contributo, sobretudo à pala de duas “novidades”. A primeira é que vamos privilegiar o pequeno em detrimento do grande e do monumental; a segunda é que, para além das fotos, vamos recorrer bastas vezes ao esboço (como já se tinha avançado).
Prossigamos então.

Texto:Anselmo Cunha; Riscos: Carlos Matos

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