Projecto (em curso): Caminho Francês, Fase 3.
Início: León
Término: O Cebreiro
Etapas: 7
Partida: 26 de abril de 2025
Chegada: 03 de maio de 2025
Distância total: 160 km
Acumulado Caminho Francês: 640 km
Aníbal Azevedo, Anselmo Cunha, Conceição Pires, Elsa Maia, Fernando Micaelo, Gena Cabaço, Jaime Matos, Joaquim Branco, Manuela Gomes, Nulita Lourenço, Paula Marques, Raul Maia, Teresa Silva.
Notas de reportagem – VII
Do Caminho- fase 3 do Caminho Francês
Em termos de paisagem - e dificuldade -, o troço entre León e O Cebreiro pode ser dividido em
2 partes distintas, com divisória em Rabanal del Camino.
Até aqui, o caminho continua a oferecer inúmeros pontos de interesse designadamente no que concerne a património edificado, todavia, a paisagem será o elemento com menor cotação. Já se tinha referido antes que o planalto castelhano-leonês é relativamente monótono do ponto de vista paisagístico e de ocupação cultural do solo, dada a sua relativa homogeneidade: colinas suaves, searas extensas ocupadas com cereal, floresta pouca.
Admitindo-se um certo exagero na apreciação, sempre se dirá que o peregrino que tem na expectativa algo mais do que simplesmente “caminhar”, o caminho francês, nesta região de Castela e Leão torna-se, digamos, “aburrido”. Chega quase a ser penosa a saída de León, em que o caminho segue umas boas duas horas em perímetro urbano, levando o peregrino a ansiar que a qualquer momento acabe o alcatrão, as casas e seja engolido por um bosque com passarinhos a sinfoniar.
O monte Irago, porém, que se alcança logo
a seguir a Rabanal del Camino, marca um antes e um depois.
Três elementos se destacam.
O primeiro são as aldeias de Foncebadón e
de Molinaseca, verdadeiras jóias típicas e pitorescas, a última a reivindicar
mesmo ser “uno de los pueblos más bonitos
de España”. O segundo aspeto que marca este troço é a descida da vertente
oeste do Monte Irago: são cerca de 15 km de pronunciada pendente em piso
irregular, que é preciso fazer com todos os cuidados, já a contar com a
confirmação no dia seguinte de que o nosso corpo possui gémeos e barriga das
pernas; em contrapartida, a paisagem é pontuada por majestosas montanhas e
alguns picos ainda com neve. O terceiro aspeto é a Cruz de Fierro (exatamente,
com “F”) no topo do monte a 1530 metros de altitude, o ponto mais alto de todo
o caminho francês. Vale mais pelo simbolismo do que pela sua monumentalidade,
porquanto, na verdade, a dita cruz de ferro é de pequena dimensão e está
colocada no topo de um mastro de madeira com cerca de 5 metros de altura. À
volta, vão-se acumulando as pequenas pedras que os peregrinos aí vêm
depositando há décadas. As nossas lá ficaram, e nelas os nossos pecados, que
eram poucos e leves.
O peregrino volta a ser chamado a testar a
sua resiliência nos últimos 8 quilómetros antes de O Cebreiro. A partir de Las
Herrerias a pendente é também pronunciadamente inclinada, mas agora em desfavor
da gravidade, obrigando o peregrino a “saltar” da cota 700 para os 1300 metros de
altitude em meia dúzia de quilómetros. As vistas vão ficando cada vez mais
deslumbrantes, a entrada na Galiza provoca sempre alguma emoção e a chegada a O
Cebreiro é um prémio merecido.
O Cebreiro
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